sexta-feira, 23 de agosto de 2013

EXCLUSIVO PARA MULHER: Você sabe como é o homem ideal?


Psicólogo Flávio Gikovate:

 “As mulheres são confusas a respeito do homem ideal”
Eduardo Knapp


Para Gikovate as pessoas evoluíram pouco no aspecto sentimental apesar da liberdade sexual

Acompanhou nesse período a consolidação do consumo das pílulas anticoncepcionais e os movimentos em torno da emancipação sexual.

O movimento de libertação não tornou as pessoas necessariamente mais felizes e competentes para amar: mulheres e homens ainda escolhem mal os parceiros e não separam bem o amor do sexo.

Fora das telas, o psiquiatra lança seu trigésimo livro, “Sexo” (MG Editores), no qual reflete a respeito da sexualidade humana e a satisfação (ou não) nos relacionamentos amorosos.

Em entrevista exclusiva ao iG, Flávio Gikovate fala sobre a tendência que temos em escolher parceiros errados – com potencial erótico alto e afinidades emocionais mínimas –, e avisa: “Chega de namorar ou casar com inimigo!”

iG: No livro você fala sobre a inversão de valores na hora de procurar um parceiro. No caso das mulheres, a escolha é geralmente feita pelo aspecto erótico ou sentimental?

 Temos evoluído pouco no aspecto sentimental. As pessoas continuam buscando parceiros com os quais não têm afinidades intelectuais, de caráter, projetos e estilo de vida.

E escolher um parceiro tomando por base o encantamento erótico inicial é perigoso porque quase sempre o fascínio erótico te direciona para cafajestes.

As mulheres são confusas a respeito do homem ideal para elas.

Até poucas décadas atrás, ele deveria ser o protetor e o provedor. Hoje deve ser companheiro, participar das atividades familiares, ser mais carinhoso e moralmente confiável.


iG: Você reforça a importância da escolha de parceiros por afinidade. Mas ao mesmo tempo pessoas são menos atraídas sexualmente por esse tipo de parceiro mais amigo. Isso leva a relacionamentos frustrados?

Flávio Gikovate: O erotismo costuma direcionar para a busca de parceiros mais egoístas, pouco confiáveis e difíceis de provocar envolvimentos de qualidade. Assim, a maioria dos casais ainda é formado por uma criatura mais generosa e outra mais egoísta. Isso resulta em uma relação incompleta que, com os anos, acaba levando à separação. Os casais se separam pela mesma razão que se casam: as diferenças de temperamento e de caráter. O que funciona bem é o encontro de criaturas afins.


iG: E o que faz uma união estável e feliz?
Flávio Gikovate: Defendo que a união tem de acontecer entre pessoas semelhantes, com os mesmos planos e projetos, e não entre opostos. É o que eu chamo de “+amor”. É uma relação mais parecida com a amizade, a aproximação de duas pessoas inteiras e não de duas metades. Para isso é preciso poder ficar bem sozinho e superar extremos de egoísmo e a generosidade. O relacionamento é baseado em respeito mútuo e confiança recíproca. Chega de namorar ou casar com inimigo!

iG: Talvez parte das insatisfações são por conta da idealização da vida sexual? Ficamos frustrados com a vida comum, sem desempenhos incríveis?
Flávio Gikovate: Homens e mulheres têm sido muito exigentes em todos os setores da vida e com o sexo não é diferente. O sexo se abastece mais facilmente do jogo de sedução e conquista, e acaba sendo mais difícil desejar alguém em quem confiamos e que é leal – mas não é impossível, contudo os casais que atestam isso são minoria.

É preciso entender que o sexo e o amor não fazem parte do mesmo instinto. O sexo compete com a ternura e tem que ser tratado como um instinto mais vulgar e grosseiro. Assim, na hora do sexo é importante abandonar o contexto mais sentimental e buscar outro clima, mais voltado para a baixaria.

iG: Amor é amor e sexo é sexo. Mas será que as mulheres já conseguem expor e assumir isso claramente nas suas relações?
Flávio Gikovate: As mulheres têm uma fisiologia sexual diferente da masculina. Após o orgasmo, a regra é que sobre uma excitação. Isso faz com que o sexo casual não pareça tão interessante para elas, assim como a masturbação. Aliás, cerca de 50% das mulheres não se interessam pela masturbação porque podem terminar a prática mais excitadas. Elas preferem o sexo com um parceiro fixo e conhecido, com quem possam negociar aquilo que mais gostam.

Divulgação Rede Globo

Na novela o psiquiatra atende o personagem Gerson, perturbado por suas fantasias sexuais iG: E o que as mulheres mais gostam na cama?

Flávio Gikovate: Em geral, preferem a estimulação do clitóris com o objetivo orgástico. A penetração tem mais significado simbólico, relacionado com se sentir possuída.

Em síntese, a maior parte das mulheres aproveita plenamente o sexo quando conhece o próprio corpo e tem um parceiro estável, que não precisa ser objeto de grande envolvimento emocional, mas alguém conhecido e com quem ela goste de estar também fora da situação erótica. Procuram um homem que saiba como agradá-la, e que seja uma pessoa que não use o sexo apenas como instrumento de sedução e poder, mas também como fonte de curtição e prazer.


iG: O seu papel de psiquiatra na televisão faz algumas discussões ganharem notoriedade. A exemplo da abordagem do “problema” do Gerson na novela, como essa sessão "pública" de terapia pode deixar as pessoas mais seguras ou à vontade com sua sexualidade e fantasias?
Flávio Gikovate: É um dever compartilhar o conhecimento, sempre me insurgi contra qualquer modelo de elitismo intelectual. Tudo o que faço no rádio, em livros e na TV pode ajudar as pessoas a pensar um pouco mais nelas mesmas e fazerem uma autocrítica, que pode ser criativa e útil.


Não é obrigatório que se pense em termos de doença e de cura. O mais importante é poder ajudar a pessoa a avançar emocionalmente e, se possível, superar suas dificuldades.

iG: Como o sexo pelo computador afeta as relações entre pessoas e o comportamento sexual delas?
Flávio Gikovate: Cresce o número de pessoas enjoadas com o sexo casual e ao mesmo tempo é grande o número de pessoas que não estão vivenciando relacionamentos afetivos interessantes. E o sexo virtual é uma atividade em expansão e que apresenta vantagens: não se dá entre pessoas que beberam demais, no fim das madrugadas, depois de gastos significativos e com risco de doenças ou gestações.

Ou seja, o sexo virtual é um intermediário entre a masturbação e o sexo casual, que ocupará o espaço do sexo como fenômeno essencialmente pessoal, individual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

som para amar